segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Um pouco de uma dança que deu margens para muitas culturas, conta histórias antigas e é maravilhosa


ESTILOS DE DANÇA INDIANA

Elas têm encantado os ocidentais e despertado cada vez mais interesse por aqui. Saiba mais sobre as variedades praticadas e sobre os costumes por trás dessas belas manifestações
Texto • Geisa D'avo
Seis mil anos atrás. Acredita-se que tenha sido nessa época que as primeiras manifestações da dança tenham surgido na Índia. De lá para cá, seus movimentos – ora suaves, ora intensos – tornaram-se uma das marcas registradas da riquíssima cultura daquele país, indo muito além de simples manifestações artísticas.
De acordo com o Natya Shastra – um texto milenar que define os princípios técnicos e estéticos da dança –, o objetivo dessa prática é representar, por meio dos movimentos, os sentimentos humanos (‘bhava’). É com essa ideia que dançarinos e dançarinas encantam quem os vê dançar em toda a Índia – e, cada vez mais, também no Ocidente, onde vem ocorrendo um crescente interesse por todas os aspectos da cultura indiana.
Praticada em diversas regiões, a dança acabou ganhando traços diferentes de localidade para localidade. Hoje, podemos falar em sete variedades clássicas: Odissi, Bharathanatyam, Kathak, Manipuri, Kathakali, Mohiniyattam e Kuchipudi. Quer saber um pouquinho mais sobre cada uma delas? Confira a seguir.

BHARATHANATYAM
ORIGEM – Nasceu em Tamil Nadu, ao sul da Índia, e é tido como o mais antigo dos sete estilos clássicos.
SOM  Em geral, a melodia é composta por flauta, violino, tambura e instrumentos de percussão típicos da cultura indiana, como o nattuvangan. Além, é claro, do vocal.
ESSÊNCIA  É marcado por um forte trabalho com os pés, que devem acompanhar cada batida da percussão. Sua estética e forma tradicionais fogem ao ritmo da modernidade e estimulam a evolução espiritual por meio de muita concentração e disciplina.


MANIPURI
ORIGEM – Como o próprio nome sugere, provém de Manipur, no nordeste da Índia.
SOM  Para compor a melodia comum à dança Manipuri, são utilizados a tambura, o kartal, flautas, além de diversos instrumentos de percussão, como o pung.
ESSÊNCIA  Nesse estilo, como manda a tradição, cabe aos dançarinos evitar que os movimentos de seus pés sejam vistos. Por isso, a vestimenta deve cobri-los completamente e os movimentos executados devem ser dotados de muita suavidade, privilegiando o trabalho com os membros e o tronco. 

ODISSI
ORIGEM – Concebido no leste da Índia, mais precisamente no estado  de Orissa. 
SOM  Flauta, violino, cítara, manjeera e tambura são alguns dos instrumentos mais comuns na composição das músicas que acompanham a dança.
ESSÊNCIA  Com a chegada do islamismo à Índia, a execução deste estilo chegou a ser proibida por ter forte ligação com a cultura da seita vixnuísta (uma variedade do hinduísmo). Foram necessários muitos séculos até que a tradição Odissi fosse retomada. Atualmente, como você acompanhou no vídeo desta edição, este é um dos estilos clássicos mais conhecidos no Ocidente.

KATHAK
ORIGEM – Surgiu às margens do rio sagrado Ganges (também conhecido como Ganga), no norte do país. 
SOM  A cítara, o pakhwaj, o sarangi e a tabla são os principais instrumentos utilizados para compor o estilo musical Hindustani, utilizado para a dança Kathak. 
ESSÊNCIA  No início, essa variedade correspondia ao estilo de dança aplicado por dançarinas itinerantes nas antigas cortes hindus. Com influência da cultura muçulmana, estabeleceu-se em definitivo como expressão típica do norte da Índia, marcada principalmente pela rapidez dos giros de corpo e por uma ampla variedade de expressões faciais.








KATHAKALI
ORIGEM – Tem como berço o sudoeste da Índia, mais precisamente o estado de Kerala.
SOM  É um dos estilos em que há maior variedade de instrumentos, como a chenda, o maddalam, o chengalam e o elathalam, todos utilizados para ambientar a história representada. 
ESSÊNCIA  Nascido da influência das artes marciais e das danças folclóricas, o Kathakali exige grande desempenho corporal e facial. Nesse estilo os dançarinos – tradicionalmente homens – interpretam, como atores mesmo, histórias míticas que compõem o imaginário indiano.

MOHINIYATTAM
ORIGEM – Assim como o Kathakali, também nasceu no estado de Kerala.
SOM  A melodia é composta pela percussão de instrumentos como o edakka, a chenda e o maddalam, enquanto a tambura acompanha o vocal.
ESSÊNCIA  Corresponde a uma mistura dos estilos Bharathanatyam e Kathakali com outras danças regionais. Por ser executado apenas por mulheres, é um estilo que privilegia a graciosidade e a suavidade dos movimentos. A delicadeza também deixa sua marca no figurino das dançarinas.

KUCHIPUDI
ORIGEM – Nasceu às margens do rio Krishna, sul da Índia, no povoado de Kuchipudi.
SOM  Flauta, violino e o nattuvangan são os principais instrumentos que acompanham a melodia dessa dança.
ESSÊNCIA  Criado como forma de devoção ao deus Shiva, o Kuchipudi pode ser realizado em danças individuais ou dramáticas. A agilidade dos pés e a intensidade dos movimentos são muito presentes nas performances desse estilo, que estimula o equilíbrio e a concentração.



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